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quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Troco os meus olhares



Troco os meus olhares com a quietude dos peixes
e vagueio numa ondulação combinada
com o arrepio mastigado das águas
que morrem na indiferença das horas.

Nem o feitiço da luz em relâmpagos no seio das águas lisas
me acordam deste flutuar harmonioso e sereno
numa fusão clandestina
entre o profano e o sagrado.

O meu caminho abre-se
nas clareiras profundas e brancas das areias
em janelas de rostos cristalinos
onde procuro repousar este destino.

Aí,
sou a casa abandonada
no navio que perdeu o leme
e deixou a esperança da alegria
na linguagem impaciente dos mastros

Nem a tarde nem a noite acordam a cumplicidade silenciosa
destas solitárias ondas.
Nelas, abandono as memórias
na quietude da sombra dos juncos. 

Manuela Barroso, in "Antologia conVida", Barbára Editora- Blumenau, 2013
Org. Anderson Fabiano e Helena Chiarello


Pausa...
...na quietude da sombras dos juncos!

Desejo a todos/as Boas Férias!

20 comentários:

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Saio sempre encantada, é o que sei dizer...e basta!
Beijos, Manuela!

Ana Bailune disse...

LINDO, INTENSAMENTE LINDO!

Gracita disse...

Não são necessárias muitas palavras para registar o que senti ao ler o teu poema... Magistral!!!!!
Uma emoção profunda ao ler tão belos versos
Beijos e carinhos, querida Manuela

Toninho disse...

é um aprendizado ler suas belas inspirações com este belo uso de figuras, para tão bem externar um sentimento de uma solidão rebuscada, mas que se torna leve neste belo jogo de analogias.
Aplausos amiga pela arte tão bela.
Meu terno abraço.

Elvira Carvalho disse...

Os seus poemas são como o famoso teste do algodão. Nunca enganam, pois são sempre muito belos.
Um abraço e boas férias

Unknown disse...

Olá, Manuela.
Que soberba inspiração nascida da "indiferença das horas"!
"sou a casa abandonada
no navio que perdeu o leme" - bastaria este pequeno trecho, de tão grande intensidade para definir a solidão.
Lindo.

*tenha boas férias ;)
bjn amg

Maria Rodrigues disse...

Gosto de trocar o meu olhar com a imensidão do mar.
Maravilhoso poema.
Boas férias.
Beijinhos
MAria

Rui Pires - Olhar d'Ouro disse...

Maravilhoso cara Manuela! Adorei!
Muitos parabéns!
Uma boas férias também!

AC disse...

O anseio da harmonia, sempre tão presente nas suas palavras...
Parabéns, Manuela!

Um beijinho :)

BLOGZOOM disse...



Manuela,

Voce tem gosto apurado, delicadeza nas palavras, mesmo que com tons melancolicos.

Bjs

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

com uma certa melancolia e no entanto com muita serenidade.
gostei!
boa semana.
beijinhos
:)

lis disse...

Um poema belíssimo que deixa nosso coração em profunda quietude pra sorver cada palavra.
Perfeito _ e as férias acabaram!
pode voltar, ok?
beijinhos e bons e felizes dias.
com carinho

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida Manuela
É um deleite passar pelos seus poemas e extasiar a alma da gente.. o espírito eleva-se...
Horas indiferentes... casa abandonada... isso é-me familiar...
Bjm fraterno

Evanir disse...

Com o tempo começamos a sentir saudades de todos amigos ,
que passaram em nossas vidas e que ainda permanece.
Estou dando uma volta num passado não muito distante
espero que goste dessa fase de recordar é viver.
Uma abençoada semana que Deus lhe abençoe sempre
e sempre.
Beijos no coração.
Evanir.

Maria Rodrigues disse...

Manuela passando para deixar um abraço.
Maria

Emília Pinto disse...

É importante " trocar os olhares ", pois a cada um a paisagem é diferente e necessitamos dessa diferença para nos conhecermos a nós mesmos. Sentimo-nos muitas vezes como uma " casa abandonada no navio que perdeu o leme ", mas fazendo uma pausa, deixando que as horas passem sem para elas olharmos, com certeza o nosso "caminho abre-se" com nova " esperança de alegria num flutuar harmonioso e sereno ". "Abandonemos as memórias " por uns tempos para que a quietude volte às nossas almas. Será certo que tudo recomeçará, as alegrias, tristezas, as dores, e as memórias também. Seremos tantas vezes mais " casas abandonadas " onde a solidão se instalará e onde por vezes o frio teimará em ficar. É assim, querida Manuela e sempre o será enquanto a vida assim o quiser. Um beijinho e espero que esta pausa te tenha trazido a harmonia e serenidade de que , não só tu, mas todos nós precisamos. Até breve e obrigada por este belo momento.
Emília

tano disse...

que lindo

Ana Freire disse...

Palavras inspiradoras e inspiradas, Manuela!
Também é sempre junto ao mar, que eu me perco... e me reencontro...
Beijos! Continuação de óptimas férias, se for o caso... dado que só hoje deu para passar por aqui...
Ana

Jaime Portela disse...

Não acredito que seja a "casa abandonada no navio que perdeu o leme"...
Mas o poema é delicioso. Mas eu gosto sempre das suas palavras.
Manuela, tenha um bom resto de semana.
Beijinhos.

SOL da Esteva disse...

"[...]Nem a tarde nem a noite acordam a cumplicidade silenciosa[...]".
A quietude e a serenidade do mar abre caminhos que não pensávamos existissem numa tão grata melancolia.


Beijos
SOL