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domingo, 23 de outubro de 2016

Fecho os olhos...


 Vladimir Kush

Fecho os olhos, passeio-me com o doce
embalar das tuas ondas e o cântico monocórdico,
suave  deste marulhar materno.
E sou a criança feita crisálida no meu casulo de
espuma à espera do teu beijo para renascer….
Medito na imperfeição da minha perfeição e
anseio sempre mais .
Quero o impossível que se abriga, esconde
no inconsciente na certeza do possível da
minha existência.

Procuro abrigar-me no alpendre das escarpas 
como a majestade das águias onde o perigo 
é a ausências dos medos.
Aqui, ouço a minha voz e a tua que se esconde no
silêncio da minha solidão.

Mas sou a insegurança da tua certeza,
na impossibilidade de te visualizar
para me apoiares na minha frágil condição humana.
Basta-me uma folha dançarina para avisar-me
da tua presença.

E eis-me no salão do meu palácio
onde me encontro a sós contigo!

Manuela Barroso

                                                                         

sábado, 8 de outubro de 2016

Partiram-se

 


PARTIRAM-SE os galhos que subiam
 pelo tronco da tua estátua.
 Agora permaneces deitada
no molho feito cama dos teus ossos
e apercebes-te da fragilidade da tua pele
antes florida.

Quando voltares a ver os ninhos das formigas,
 rogarás para que volte
a monotonia monocórdica e incómoda dos pardais,
ralhando em alvoroço com as telhas,
num eterno cântico à vida.

Manuela Barroso

Outubro, 2016