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domingo, 27 de setembro de 2015

Silêncio



 Panov Eduard

Chego à paz da minha casa e procuro-te.
abro a porta devagarinho, espero a tua
sombra. e estás em toda a parte:
nas recordações objetivas e na saudade
das recordações!
o pensamento cai em mim provocando
um rodopio de emoções.
e fujo.
e nego.
corro, sacudindo este turbilhão que não
 quero. que não peço.
quero é a tua presença nem que seja a
 tua sombra.
outros fogem de ti, quando eu procuro
fugir de mim, para te encontrar.
quero que fiques comigo e em mim,
dentro de tudo e de nada. porque me
completas e preenches os vazios das
horas a que chamam" mortas".
ouves-me dentro dos ruídos da vida.

Manuela Barroso, in "Coletânea de Poetas Maiatos"


domingo, 20 de setembro de 2015

Escondes-te





 Panov Eduard

Escondes-te no bico das aves e no lume das águas.
O teu som penetra na sombra dos bosques
onde se difunde a harmonia.
A tua luz côa-se pelo filtro espesso
dos dedos da ramagem.
 
Tudo se esquece neste vale
onde a calma é o prelúdio da tua  música
cujas notas penetram também no seio da terra.

São ondas de êxtase acompanhando esta viagem
no murmúrio do silêncio fresco
que desperta as penas dos pássaros
no terraço da manhã.

A alegria esboroa-se no ar
em poalha de reflexos de luz
e na miragem de imagens ténues
no jade do orvalho.

Cai o pano do olhar
no veludo da erva vestida de vapores matinais.
O aroma cresce por entre campos de amoras.

Silencio o desassossego deste paraíso efêmero
e num sagrado deleite
me distancio
antes que outra sombra se deite.
 
E procuro outros vazios.



 Manuela Barroso , Antologia "Ventos do Norte"