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segunda-feira, 11 de maio de 2015

Ontem



Ontem vi o teu coração nos olhos das pedras.
Pesavam no meu peito.
Ouvi sílabas de silêncios em buracos cravados
no chão, bocas abertas na noite em tentáculos
de estrelas navegando solidão.

Eras a luz escura
em tetos de alvorada
nos braços da lua.
  
Caminhei com o vento
nas ondas do teu corpo,
tão vagarosas e longas,
tão lentas e tão noturnas.

Desci as madrugadas que dormiam
no meu rosto, lençóis de bruma fria
renda orvalhada, reflexos de sol posto
nesta tarde ainda molhada.

Bebi cheiros de espuma que nasciam 
do teu corpo em impertinências famintas .

Veio o vento.

Levou o aroma
já morto.

Manuela Barroso, in Antologia Poetas Lusófonos

  

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Não esqueças




(Gerês)

Não esqueças nunca
ao debruçar-te no mar que és parte do sargaço
abandonado na areia
um fragmento do Espaço

E quando vagueares pelas searas
das estrelas que o céu tem
também elas são de ti, fazes parte do Infinito
são um cristal também

Não esqueças  nunca
que és cristal em harmonia
em eterno movimento
em contínua  mutação
composta no teu silêncio.

Neste ritmo em consonância com a música do Universo
somos cristais tão perfeitos neste declive de sombras
sendo todos um só verso

MBarroso  e TGonçalves
in” Laços”- Dueto, Edições Versbrava