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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Mãos


Bates na sombra azul do meu peito.
Acordas as madrugadas
Que dormem sorrindo,
E as estrelas
Como as flores em Maio
Se abrindo...
Escreves na aurora
Em nuvens adormecidas
Os beijos que tardam!

As mãos em flor
São pétalas adormecidas
Numa canção de amor!

                                                                Manuela Barroso,  In "Eu PoéticoII"




sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Fusão...

Rio Tâmega

Quero fundir-me
com a estrada branca do barco
que passeia dentro de mim!
Quero fundir-me
com o som das ondas mudas
que vêm em silêncio visitar a praia da minha pele.
Quero fundir-me
com os novelos brancos no azul
que envolve o meu espírito  nesta inquieta ausência ...
Quero fundir-me
com a  carícia da água 
que banha os meus pensamentos  em espuma, sem mágoa
Quero fundir-me
com os risos do sol
como beijos quentes de um amor de verão.
Quero fundir-me
com o verde dos meus pés nus
no deleite da erva molhada, cheirando a madrugadas!
E quero fundir-me com as flores dos catos
em pétalas de seda
desafiando incongruências!
E,
Quero a fusão do infinito visível
No invisível que mora em mim!
                   Manuela Barroso, "Eu Poético III"
                                                                                                                                                                                  

sábado, 6 de agosto de 2011

Tardes...

 Rio Minho...duas Nações


Era um azul de fim de tarde pálido cuja monotonia monocromática era cortada por pinceladas em labaredas laranja.
As andorinhas eram como vozes de crianças à solta, em danças provocadoramente arriscadas...
...Mas os olhos ficaram imóveis no rio onde se espelhava a luz que se ia despedindo do dia...
...E as árvores que contornavam o leito de paz, completavam este hino de harmonia e quietude...
Detive-me numa espécie de oração vespertina, ao contemplar belezas discretas que a fugacidade do tempo nos ajuda a ignorar...
...E, no coração do Minho, com o altar dos pinheirais que sobem os montes, o rio parou como que numa vénia perante uma espetadora rendida aos seus encantos!
Parei o tempo, sacudido por um vento norte atrevido, desnorteado pelo meu fascínio, que lhe roubava o seu protagonismo...
...E, à medida que a luz desaparecia, mais o rio pasmava nas suas águas mansas, contornadas pelas árvores, rendidas à pacatez deste espelho...
...E o rio ia escorregando, neste pedaço entre duas nações, como num êxtase de vibrações nos corações destes povos que dormem nas suas margens...
 ...É que neste recanto do mundo, a natureza ainda se funde com o amor!..
Já Vénus ia alta, acompanhada pelo quarto minguante...
...fechei a varanda desta Pousada...
... e arquivei memórias de beleza e de paz...
...na contemplação dos reflexos do Universo!..