SEGUIDORES

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

PONTOS DE VISTA


...E tudo foi mais forte que eu.
Tive que parar.
Sentei-me junto às rochas.
Dia sereno e harmonioso de setembro com odores de outono. Algo me empurrava a sair de mim...
Destino: beira mar.
Fui percorrendo a terra batida e barrenta onde os bancos eram ocupados por pessoas cuja idade cheirava a melancolia. Unibancos. Não será por acaso... Assim convida à meditação à conversa interior...Mas aqui ,não seria o caso.Sentia -se a solidão no olhar vazio que seguia
os passos de quem se passeava!
Numa contínua conversa interior, desci o paredão.
O mar ficou mais perto e as ondas substituiram a minha conversa.
Um ambiente único. Ou eu estava única!
A água batia ao de leve nas rochas sobrevoadas por uma ou outra gaivota .Tão poucas! Continuei divagando...E na confusão da espuma, das ondas e das rochas, lobrigo-as pousadas nos rochedos, qual camaleão, numa calma observadora e ao mesmo tempo de aquietação!
...e perco-me de mim...e vou calmamente espreitar os jeitos do seu descanso...(os Homens não sabem descansar... )
...curioso. Enquanto umas faziam a sua higiene limpando as penas apoiadas numa pata, outras aninhavam-se observando, outras alheando-se do mundo com o bico enterrado nas asas, outras admirando o voo planador de uma amiga que aterra. E abanam-se todas, espreguiçam -se num relaxamento saboroso...
...as pessoas vão passando, passando, cabisbaixas...
...elas , pousadas a saborear o sol manso e carinhoso, sentindo-se apenas... que isto de pensar , dá muito trabalho...
E as pessoas não passam só, não.Correm!!!É urgente correr também para descarregar o stress...a raiva...a angútia...
Não será tempo de olharmos para dentro de nós e aprender com as lições que a Natureza nos dá?
Ah!...mas elas têm asas, liberdade para voar...
E as árvores e as flores, têm liberdade para voar? Nem sequer para andar!
Mas não é por isso que deixamos de ficar impressionados com a majestade de uma velha árvore,
ou com a beleza perfeita e pura feita alegria na pétala de uma de uma flor....
...e prometi a mim mesma que daqui em diante ia ser gaivota...






Só estas gaivotas?

sábado, 11 de setembro de 2010

BUCOLISMO


O tempo define-se como o melhor mestre para tudo!

Poderá ser mestre, mas com todo o seu condão não consegue apagar sentimentos de pura magia em quadros reais e vivenciados.
Há os ficam absorvidos pela vastidão do mar, enfeitiçados com o vai e vem da espuma branca que nos beija os pés. Adoro também esta sensação! É única. Porém dá-me uma sensação momentânea, de fugacidade...
O campo...é ambivalente :
Tem a terra cravejada de flores selvagens-haverá flores selvagens?- contrastando com o verde calmo na mansidão dos vales!
Tem as aves de todos os coloridos, trocando entre si encantadoras sonatas .....esvoaçando à procura de um lugar onde possam amar...
...sacudindo num arrepio as suas penas para seduzir mais e mais...
...E devíamos ser como elas... não desistir nunca do romance e do sonho...
Depois ,aquele regato que passa discreto, mas cantando numa contínua cascata, torcendo-se entre os seixos com a graciosidade de uma serpente bondosa...
E as margens são o quadro perfeito para emoldurar toda esta harmonia cheia de equílíbrio e encantamento com os arbustos onde pousam muito suavemente as libelinhas! E a relva...a relva é de um verde único, uma espécie de manto macio e puro onde apetece espreguiçar, e rolar como se fôssemos cilindros humanos...
... depois...parar,deitada, fitando o céu muito azul, ouvindo o silêncio que se esconde em todas as coisas...e ouvir...e pensar...e ouvir...escutando!
E escuto a minha voz...naquele silêncio feito de vozes inconscientes...
E mergulho em mim tentando perscutar o que não é entendível...
E sonho com o amanhã..mas sem querer deixar de viver intensamente o momento presente que é este, só este!
E o sonho trás, de novo ,a alegria da juventude num "déjà vu" como a querer repetir!
E sentámo-nos num seixo, fixando os olhos no regato como se quiséssemos parar a água que corre sem pressas...ao mesmo tempo que saboreio uma maçã "roubada" mesmo ali ao lado!
Nunca uma maçã me preencheu tanto, já que a fome era de tranquilidade, e quietude!

Anoitecia.
Percorro a ladeira e à medida que subo, guardo este pedaço de céu que vou deixando para trás...
Olho o horizonte e o quadro completa-se com um pôr de sol tão inebriante que me perco na imensidão da serra...
O azul de antes, tornou-se mais pálido, dando lugar a uma paleta de cores que o sol escolheu para se despedir do dia!
E quando me quero encontrar vou ao meu EU procurar a alegria ,algures na minha alma, para me voltar a perder nesta magia bucólica!
Felicidade?
Está dentro de nós!




sábado, 4 de setembro de 2010

BANALIDADES




E de que é composto o nosso dia-a-dia senão de banalidades?
E o bizarro desta questão é que há banalidades para todos os gostos de todos os géneros e feitios!
E o que é banal para um ,poderá não sê-lo para o outro...
Num dia soalheiro e ainda luminoso de setembro atravessei o jardim debaixo de uma cobertura densa de acácias que convidava à leitura serena de um livro ou ao simples "pasmar" de um olhar inquietante no Além. O Além tem muitas leituras...
Não é um dos lugares mais aprazíveis mas o docel que rodeia o jardim envolve-nos mais com a natureza!

...então lá fui ao senhor que pôe as capas nos meus sapatos há trinta anos...
Com a delicadeza com que trato qualquer Pessoa, sem distinção de classes sociais, perguntei como foram as férias...
...que não teve férias
...que nunca teve férias...que nunca saía da loja
...Que nunca viaja
...que não gosta de viajar
...que gosta do barulho da rua
...do barulho das máquinas na sua oficina
...tanto...
....que às vezes as pôe a trabalhar , só para ouvir o...ruído que elas lhe proporcionam...
...Abri ainda mais os olhos, não os ouvidos...Para "ver"se brincava! Não!
Volto a atravessar o jardim, desta vez com um sorriso contido nos lábios...

Já não me revia nas árvores, nem na sombra, nem nos bancos...

Comigo acompanhava-me aquele som monocórdico e ensurdecedor que para ele era a sua música!Uma música sem timbres que nos provocam arrepios de alma , com a beleza da alternância de sons, que nos eleva o espírito para o mundo astral infinito! Mas a música dele fora feita toda a vida dum ronronar contínuo e quase insuportável das correias que contornavam as máquinas a uma velocidade vertiginosa..

...e a vida ensina-nos que a beleza pode ter muitas leituras e que tudo o que ela encerra pode sempre e em qualquer lugar ser a felicidade escondida...

Sonha-se com viagens de sonho, sonha-se com o silêncio das montanhas, sonha-se com a fuga ao quotidiano...Mas a felicidade mora mesmo dentro de nós , feita de pedaços de circunstâncias, e fragmentos de sonho..
...voltei a pensar e a sorrir...
...mas valerá a pena falar deste tipo de felicidade?
Não é concerteza a felicidade a que aspira todo o mundo...
...basta que seja a felicidade dele...
E é preciso tão pouco para ser feliz!
Feliz! Mas o que ser feliz?
...É o momento em que nos sentimos bem connosco ,com o Universo e com os outros....
...É o momento em que o barulho do próximo não nos incomoda...
...É o momento em que ao olharmos o Céu, sentimos um pouco de azul dentro de nós!...

...Tão pouco e tão fácil!