SEGUIDORES

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

FELIZ ANO NOVO

E...
Cada dia brotam flores
Cada dia é Novo Ano
Cada dia é cada noite
Cada dia desce o pano!
E enquanto o pano desce
Brindemos com energia
Aos amores e amizades
Parte da nossa alegria!
UM FELIZ ANO!
Manuela Barroso

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

PALAVRAS

Sobe o tempo na ampulheta da vida
Cai o pó esférico
Gota a gota
Numa calma
Desmedida.
E as palavras sobram
Em estáticos sentimentos
Procurando à deriva
Dar forma ao pensamento.

Entrelaçadas nos olhos
São a luz e são a cor
Entrelaçadas nas maõs
São presença e vida
Amor
Entrelaçadas nos sons
São música na poesia
...E na ausência de laços
Eis a porta que se fecha
Dentro de uma casa vazia!

m. barroso

Dez,2010

FELIZ 2011



quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

MÃE

Mãe!
Ah, mãe como me dói o que te doeste
Quando te chamei para me nasceres...
Para respirar a vida te esqueceste
Mas...
Quero renascer sempre que puderes!

És a vida em mim
Código precioso
Divino.
Receptáculo,
Corola de marfim.

Amor cruzado de ventos
Terna presença de mim
Deixa-me sonhar por momentos
Que me guardas no teu seio
Onde sinto o teu enleio
E guarda-me outra vez assim...
...Assim!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

NEVE E FRIO


Branco e frio.

A água dança agora no céu metálico, arrastando o seu vestido branco pelo chão das árvores num noivado colectivo. Ora envoltas em longos mantos cuspindo reflexos de cristais, ora cingidas em flocos deixando antecipar formas concupiscentes em vestidos longitudianis...
E nesta serenidade branca, todas as oscilações da Natureza são aceites com a mesma brandura.
Dançam com o vento, choram com a chuva, e abrem os braços com o sol...
E tu? E eu?
Nós somos um capricho!
Somos o frio, o calor, o mau humor...
Não sabemos sorrir para a vida, mesmo quando o sol fica no limite do nosso olhar...
Quando a noite se deita gélida no teu corpo que não aquece.
Quando os pés entorpecidos esquecem que o frio não visita só as mãos pensantes e a alma em silêncio...porque tu és um todo como o todo das partículas da neve!
E ignoras o calor que nasce dentro de ti e que é a fogueira que te aquece e te prepara para esta hibernação contrariada...
...E o frio torna-se mais frio, quando ficas frio...
...Porque o frio também é calor, a neve também é quente quando a tua mão toca na minha e fala... ...
Quando os dedos se entrelaçam numa linguagem terna como os laços dos flocos nos braços da madrugada!
...Quando os olhos fecham as cortinas e imaginam a música crepitante de uma lareira, na companhia dos reflexos aconchegantes e envolventes que se encostam timidamente ao teu peito...
...Quando ouves o suave toque do algodão aquoso na tua vidraça e sabes que não é o teu coração...
...Quando ficas "encolhidinho" à espera da incerteza ou do uivo do vento e sentes o cobertor mole que te aconchega como os braços da lua...
...Quando ficas a saborear o tempo do tempo que faz...
...E o Branco da Neve, pode ser o branco das manhãs de março, quando esperas a Primavera.
...E aceitas que o frio pode ser calor...porque nem sempre o calor é quente, com sabor a mãe!
...E aceitas que a neve é calor, não aceitando o frio da alma.
Prisão e liberdade...
São faces de amor que nem sempre tem a mesma face...

...E chama-se amor!




terça-feira, 30 de novembro de 2010

FIM DE TARDE

Percorria a estrada ladeada de abetos e pinheiros, acompanhada dos "Laços"enternecededores dos "Toranja" em cuja poesia o meu pensamento se embalava , quando os meus olhos se perderam mais uma vez no horizonte...
A abóbada celeste cobria-se de um tom pardacento como convém a uma tarde de outono.
O sol desceu, fechando as pálpebras na linha do mar.
A luz tornava-se mais difusa neste fim de tarde já fria. O olhar transgredia a minha atenção, pousando no horizonte onde o sol se aninhava sob uma espécie de dossel.
As núvens desenhadas em escamas e pinceladas longitudinais, eram os lençóis que cobriam o sol.
...E o "aposento"apresentava-se alegre como convém, com a chegada do dono da casa , depois de mais um dia de trabalho.
As cores misturavam-se, numa explosão de euforia, onde o vermelho e o laranja teciam este quadro que se alargava num horizonte longo...longo...
O arvoredo, pousado no solo, formava uma cortina verde que contrastava com a imagem de fundo, numa reverência contínua perante a magnificência do efeito de luz!
Atravessei este manto de folhas perenes e avistei o mar. Anastesiei por segundos a imaginação...e mergulhei o pensamento na aventura do oceano!
As pinceladas de núvens coloridas fundiam-se e penetravam na água brilhante e lisa, formando um espelho onde o céu se mirava...
Arrefecia a tarde mais e mais...
Sentei-me num varandim na companhia de um chá quente.
Enquanto degustava o sabor exótico das Índias, os olhos dormiram por instantes naquele barco lá longe.
...E o mundo parou...
...Perdi-me no tempo, numa espécie de êxtase meditativo...
Acordei com o piar das gaivotas à procura de berço...
A noite caía...
...E o laranja-púrpura deu lugar a um azul escuro seduzido por Vénus.
A luz morria...
Fechavam-se as cortinas...
...E embrulhei nos meus olhos a cor da tarde que agora dormia...
Até amanhã!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A NATUREZA TAMBÉM CHORA

...E as águas revolviam-se no colo do mar...


O céu carregava um fardo imenso de nuvens cinzentas formando castelos de algodão arrastados pelo ar revolto.
O vento uivava num silvo contínuo, chamando pelas forças que alimentam também as marés...
As árvores sacudidas pela ventania ficavam cada vez mais nuas, descarnadas...
As folhas que antes as enfeitavam, deixavam agora a descoberto um corpo uniformemente harmonioso.
A roupagem de outrora, dava agora lugar a vestidos de chuva que escorria, contínua ,nos esqueletos arbóreos.
...E elas , sempre lá, sempre firmes, sem hostilidades: Acatam o tempo e os tempos. Lições de vida...
...E as folhas despedem-se num último adeus ao laço que as prendia...
...E rolam pelo chão e voam pelos ares à mercê da vontade do vento...
O chão já não é tapete de folhas cambiantes. Agora é tapete de lama...
Enquanto na terra tudo se transforma, no oceano tudo se agita numa espécie de revolta contorcendo-se ainda mais com os fios de chuva...
...E o vento vai-se encarregando de trazer nas asas, as nuvens cinzentas, pesadas ,que vão de encontro à terra, precipitando-se em pingas pesadas, cada vez mais grossas e atrevidas...
...E magoam as poucas flores outonais, acostumadas aos beijos brandos do outono calmo!..
...E ficam amuadas por tão pobre delicadeza, tombando sobre si mesmas num humano desconforto!
(continua)


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

CHAMAS...


Chamas o meu nome e vou descendo calmamente
A vazia escada do nosso jardim florido.
O mundo pára, a vida pára e vou ficando
Numa espécie de sonho adormecido.


E viajo neste tempo e neste espaço
Ao encontro da tua suave e meiga voz .
E, apertando-te ternamente nos meus braços
Faz se um silêncio longo que fala por nós!


E assim viajo no tempo e no espaço
Contagiada por esse teu longo olhar,
Sinto a tua mão, entrego-me à ternura,
Numa cegueira imensa, intensa procura
De tão simples gesto, tão bela forma de dar!


M.Barroso


















sexta-feira, 5 de novembro de 2010

EU E O TEMPO..



"Não voltes ao mesmo sítio onde já foste feliz."

Mas voltei.
E o tempo é o venerável mestre! Dá. Tira. Cura!... Tudo num círculo vicioso, que se torna viciante.
Com a dança da Vida,o inconsciente adapta-se espontâneamente aos tempos...e tempo!E é a impermanência do Tempo que nos torna sábios e coerentes com o nosso Eu, porque na enxurrada da vida não podemos sucumbir facilmente aos naufrágios que a violência do tempo nos impõe.
...E, onde ontem vi o sol meigo e amante, onde senti o ar reconfortante, aconchegante a afagar a minha pele, onde confundi as gaivotas com as rochas vestidas de iguais penas...hoje tudo estava em sobressalto com a força da natureza.
Resguardada pela enorme vidraça que me separava do mar, penetrei no horizonte. Tinha um semblante sombrio e triste deixando trespassar o seu mau humor.
As núvens corriam apressadas, escorraçadas pelo vento que se infiltrava nos nichos, deixando um assobio arrepiante...O mar, onde antes mergulhara o meu olhar, lavando os meus pensamentos, batia agora com raiva indignado com a força da maré! E a espuma subia, raivosa,
quase até à vidraça e juntava-se-lhe a chuva que escorria e pingava em lágrimas como num choro convulsivo...
...E olhava...pensava, meditando neste tempo, naquele tempo,nos tempos...
Despertei deste torpor meditativo e voltei ao Agora.
O tempo muda, os tempos mudam...
As coisas mudam, as pessoas mudam...Mas não quero mudar a não ser no que não posso controlar. A minha essência é e será imutável
Porque sou.
Não sou tempo
Sou para além do Tempo!
E
Quero albergar em mim, não o tempo dos vendavais, mas o tempo da paz, da quietude, da mansidão, da bonança.
Queria ser uma luz que não se apagasse com o vento
Uma luz suave presente na escuridão.



domingo, 31 de outubro de 2010

SENSAÇÕES


Já não sinto a areia quente da praia
Já não espraio o meu olhar pelo mar
Está vazio
E frio
É a solidão
Em noite de luar.


As ondas já não beijam os meus pés,
Rodopiam a rocha estática, impiedosa
Caindo abruptas, insensívéis
Esvaindo-se pelo mar fora...


Embrulho os meus olhos no meu xaile
Enterro os meus segredos nesta areia
E junto as flores que me ofereceste
Esperando a viagem da maré cheia!
...E as pétalas fogem aos poucos pelo mar
E fico assim...
Sem mim.




segunda-feira, 18 de outubro de 2010

DE MIM


O sol já deita os olhos nas colinas que eu abraço...

...e a luz vai baixando oblíqua...num cansaço, num azul de céu transparente e doce que cobre a terra aqui , vestida de verde paz!
...e dos braços das árvores que abraçam o meu jardim, desprende-se uma e outra folha que baloiça graciosamente, pousando no chão, aconchegando-se placidamente a outras folhas irmãs...
E na melancolia deste tempo que cai, há uma metamorfose de vida com miscelânia de cores intemporais...
E tu, relva minha e meu regaço, tão sequiosa no verão, abandonas o teu ritmo mas não a tua vida! Cresces com passos lentos guardando em ti os segredos que te penetram...

...E a consciência do tempo levou as minhas andorinhas e com elas toda a sinfonia dos melros, piscos e tentilhões!
...fico aqui à vossa espera e quero não vos dizer adeus!
...e olho para o vazio do azul e vejo as núvens patinando em ondas caprichosas que deslizam suavemente pelo ar!

Tudo é harmonia!
Tudo está no seu tempo!
Tudo está no seu momento!
Tudo é igual e diferente cada dia!

domingo, 10 de outubro de 2010

ESCOLA(S)


Os dias não podiam ser monótonos.
Havia sempre uma variante ditada por um novo horário que tinha o capricho de criar uma certa pitada de ansiedade em cada ciclo lectivo que se iniciava. Essa variante tornava-se mais ou menos stressante conforme o tipo de turma que "acontecia" naquele dia.
Numa sociedade multifacetada como a de hoje o trabalho pedagógico é árduo, ingrato.
É profundamente desolador, que esta sociedade não reconheça no docente o elo imprescindível que liga o discente à escola.
Considerado trabalho fácil, por quem ignora a escola de hoje, trabalhar com turmas de cerca de 25 alunos ou mais, com o seu ritmo, vivências pessoais, familiares, culturais, educacionais e o mais difícil ,emocionais...
Sim, emocionais!
Neste xadrês escolar, um dado que não esteja enquadrado, desiquilibra todo o jogo!E a transmissão de saberes fica anquilosada logo à partida por um único desajuste...
A inteligência emocional tem aqui uma fução única:
Ela repõe o equilíbrio
Ela reforça a empatia.
Ela transmite confiança
Ela é solidária.
...E vai-se contornando a agressividade , compreendendo as emoções, derrubando muros de hostilidade...
E só o tempo, esse, nos dá a sapiência para resolver, desdramatizando pontuais coflitos...
E no fim fica um vínculo feito de compreensão e solidariedade!
A ciência fica esperando mais e mais...
O amor vai sendo semeado com a partilha das emoções...
E a sociedade vai esperando mais saberes, mais ciência, mais consolidação...
Mas ganha desta forma valores humanos que se reencontram ,eles próprios, e não seres errantes que deambulam como autómatos...
Presenciei, logo, confirmo.
Sinto uma enome paz pelo dever bem cumprido
Um beijo enorme aos jovens que me ajudaram a ser cada vez mais!
Passado e saudades de mãos dadas!





quinta-feira, 23 de setembro de 2010

PONTOS DE VISTA


...E tudo foi mais forte que eu.
Tive que parar.
Sentei-me junto às rochas.
Dia sereno e harmonioso de setembro com odores de outono. Algo me empurrava a sair de mim...
Destino: beira mar.
Fui percorrendo a terra batida e barrenta onde os bancos eram ocupados por pessoas cuja idade cheirava a melancolia. Unibancos. Não será por acaso... Assim convida à meditação à conversa interior...Mas aqui ,não seria o caso.Sentia -se a solidão no olhar vazio que seguia
os passos de quem se passeava!
Numa contínua conversa interior, desci o paredão.
O mar ficou mais perto e as ondas substituiram a minha conversa.
Um ambiente único. Ou eu estava única!
A água batia ao de leve nas rochas sobrevoadas por uma ou outra gaivota .Tão poucas! Continuei divagando...E na confusão da espuma, das ondas e das rochas, lobrigo-as pousadas nos rochedos, qual camaleão, numa calma observadora e ao mesmo tempo de aquietação!
...e perco-me de mim...e vou calmamente espreitar os jeitos do seu descanso...(os Homens não sabem descansar... )
...curioso. Enquanto umas faziam a sua higiene limpando as penas apoiadas numa pata, outras aninhavam-se observando, outras alheando-se do mundo com o bico enterrado nas asas, outras admirando o voo planador de uma amiga que aterra. E abanam-se todas, espreguiçam -se num relaxamento saboroso...
...as pessoas vão passando, passando, cabisbaixas...
...elas , pousadas a saborear o sol manso e carinhoso, sentindo-se apenas... que isto de pensar , dá muito trabalho...
E as pessoas não passam só, não.Correm!!!É urgente correr também para descarregar o stress...a raiva...a angútia...
Não será tempo de olharmos para dentro de nós e aprender com as lições que a Natureza nos dá?
Ah!...mas elas têm asas, liberdade para voar...
E as árvores e as flores, têm liberdade para voar? Nem sequer para andar!
Mas não é por isso que deixamos de ficar impressionados com a majestade de uma velha árvore,
ou com a beleza perfeita e pura feita alegria na pétala de uma de uma flor....
...e prometi a mim mesma que daqui em diante ia ser gaivota...






Só estas gaivotas?

sábado, 11 de setembro de 2010

BUCOLISMO


O tempo define-se como o melhor mestre para tudo!

Poderá ser mestre, mas com todo o seu condão não consegue apagar sentimentos de pura magia em quadros reais e vivenciados.
Há os ficam absorvidos pela vastidão do mar, enfeitiçados com o vai e vem da espuma branca que nos beija os pés. Adoro também esta sensação! É única. Porém dá-me uma sensação momentânea, de fugacidade...
O campo...é ambivalente :
Tem a terra cravejada de flores selvagens-haverá flores selvagens?- contrastando com o verde calmo na mansidão dos vales!
Tem as aves de todos os coloridos, trocando entre si encantadoras sonatas .....esvoaçando à procura de um lugar onde possam amar...
...sacudindo num arrepio as suas penas para seduzir mais e mais...
...E devíamos ser como elas... não desistir nunca do romance e do sonho...
Depois ,aquele regato que passa discreto, mas cantando numa contínua cascata, torcendo-se entre os seixos com a graciosidade de uma serpente bondosa...
E as margens são o quadro perfeito para emoldurar toda esta harmonia cheia de equílíbrio e encantamento com os arbustos onde pousam muito suavemente as libelinhas! E a relva...a relva é de um verde único, uma espécie de manto macio e puro onde apetece espreguiçar, e rolar como se fôssemos cilindros humanos...
... depois...parar,deitada, fitando o céu muito azul, ouvindo o silêncio que se esconde em todas as coisas...e ouvir...e pensar...e ouvir...escutando!
E escuto a minha voz...naquele silêncio feito de vozes inconscientes...
E mergulho em mim tentando perscutar o que não é entendível...
E sonho com o amanhã..mas sem querer deixar de viver intensamente o momento presente que é este, só este!
E o sonho trás, de novo ,a alegria da juventude num "déjà vu" como a querer repetir!
E sentámo-nos num seixo, fixando os olhos no regato como se quiséssemos parar a água que corre sem pressas...ao mesmo tempo que saboreio uma maçã "roubada" mesmo ali ao lado!
Nunca uma maçã me preencheu tanto, já que a fome era de tranquilidade, e quietude!

Anoitecia.
Percorro a ladeira e à medida que subo, guardo este pedaço de céu que vou deixando para trás...
Olho o horizonte e o quadro completa-se com um pôr de sol tão inebriante que me perco na imensidão da serra...
O azul de antes, tornou-se mais pálido, dando lugar a uma paleta de cores que o sol escolheu para se despedir do dia!
E quando me quero encontrar vou ao meu EU procurar a alegria ,algures na minha alma, para me voltar a perder nesta magia bucólica!
Felicidade?
Está dentro de nós!




sábado, 4 de setembro de 2010

BANALIDADES




E de que é composto o nosso dia-a-dia senão de banalidades?
E o bizarro desta questão é que há banalidades para todos os gostos de todos os géneros e feitios!
E o que é banal para um ,poderá não sê-lo para o outro...
Num dia soalheiro e ainda luminoso de setembro atravessei o jardim debaixo de uma cobertura densa de acácias que convidava à leitura serena de um livro ou ao simples "pasmar" de um olhar inquietante no Além. O Além tem muitas leituras...
Não é um dos lugares mais aprazíveis mas o docel que rodeia o jardim envolve-nos mais com a natureza!

...então lá fui ao senhor que pôe as capas nos meus sapatos há trinta anos...
Com a delicadeza com que trato qualquer Pessoa, sem distinção de classes sociais, perguntei como foram as férias...
...que não teve férias
...que nunca teve férias...que nunca saía da loja
...Que nunca viaja
...que não gosta de viajar
...que gosta do barulho da rua
...do barulho das máquinas na sua oficina
...tanto...
....que às vezes as pôe a trabalhar , só para ouvir o...ruído que elas lhe proporcionam...
...Abri ainda mais os olhos, não os ouvidos...Para "ver"se brincava! Não!
Volto a atravessar o jardim, desta vez com um sorriso contido nos lábios...

Já não me revia nas árvores, nem na sombra, nem nos bancos...

Comigo acompanhava-me aquele som monocórdico e ensurdecedor que para ele era a sua música!Uma música sem timbres que nos provocam arrepios de alma , com a beleza da alternância de sons, que nos eleva o espírito para o mundo astral infinito! Mas a música dele fora feita toda a vida dum ronronar contínuo e quase insuportável das correias que contornavam as máquinas a uma velocidade vertiginosa..

...e a vida ensina-nos que a beleza pode ter muitas leituras e que tudo o que ela encerra pode sempre e em qualquer lugar ser a felicidade escondida...

Sonha-se com viagens de sonho, sonha-se com o silêncio das montanhas, sonha-se com a fuga ao quotidiano...Mas a felicidade mora mesmo dentro de nós , feita de pedaços de circunstâncias, e fragmentos de sonho..
...voltei a pensar e a sorrir...
...mas valerá a pena falar deste tipo de felicidade?
Não é concerteza a felicidade a que aspira todo o mundo...
...basta que seja a felicidade dele...
E é preciso tão pouco para ser feliz!
Feliz! Mas o que ser feliz?
...É o momento em que nos sentimos bem connosco ,com o Universo e com os outros....
...É o momento em que o barulho do próximo não nos incomoda...
...É o momento em que ao olharmos o Céu, sentimos um pouco de azul dentro de nós!...

...Tão pouco e tão fácil!














terça-feira, 31 de agosto de 2010

SINESTESIAS DE OUTONO


Os corpos ainda guardam memórias dos dias quentes e límpidos do Verão!O dia convida a uma ida furtiva à praia que convida ao relaxe e despreendimento. A liberdade é intrínseca ao ser Humano. E a toda a vida que pulula na Terra!
Só que o Homem não pode ser tão livre assim...Tem deveres...
...mas eis que as núvens tecem-se com os seus caprichos - quem não perdeu horas a olhar imagens brancas deambulando pelos céus?... - e o dia cansa-se do sol e procura refrescar-se...
E as núvens ameaçam, e a brisa puxa o calor húmido...
Em breve, a electricidade começa a falar e ecoa um trovão.
Começam a cair pingas grossas avisando que o fim do verão se aproxima. E começa a sentir-se aquele cheiro inconfundível a terra molhada, ainda aberta com os sulcos de um calor tórrido como que a pedir clemência por um pouco de água! Mas ninguém vê os sulcos. Vêem as flores e a relva molhada. E a terra fica eternamente à espera destas gotas de chuva porque só a Natureza a compreende!
E o ar quente convida a passear "o bronze", porque tem que valer a pena o sacrifício de ser sardão...
E as pessoas passam indiferentes a estas pingas, correndo sempre para ver se ainda apanham o verão...
E o Outono vem pé ante pé numa calma estranha em cumplicidade com a sua nostalgia!
E faz-se sentir pelas tardes inegualáveis dum misticismo único. Pelas manhãs calmas num acordar doce. Pelas noites cálidas que nos convida a uma indolência...feliz
E tudo tem o seu encanto.

Porque fim...é renovação!





segunda-feira, 23 de agosto de 2010

PALÁCIOS SÓS


Palácio!

Palavra mágica que nos transporta para o fundo do tempo onde ser rei era ser deus.Onde as princesas de beleza imaculada viviam rodeadas de desvelos tais que só passeavam sedas e formusura.E também tristeza e solidão! O seu príncipe era feito de conveniência e corrupção.Não de amor de encantamento!
Mas o fausto não era do reino da magia nem do sonho. Estava lá! Os "outros" limitavam-se a olhar e com admiração, submissão...
Mas porquê esta reflexão?
As férias são tempo de disponibilidade, procura de lugares novos. Não são só para travar o relógio e pasmar-que também é óptimo... Mas passado este hiato de tempo quis sonhar e nada melhor que um...palácio!
Atravessei o espaço e o tempo e eis-me defronte à pousada-palácio de Estói.Lá estava ele, não com o granito austero e sombrio como os do norte, mas com a linguagem dos palácios...Foi lindo porque sonhei...
...era uma princesa, naquele dia de vestidinho branco, branco e percorria os jardins daquele palácio como se tivesse lá vivido todas a traquinices da infância , as aventuras e desamores da adolecência...
Por entre imensas colunas brancas avistava uns bancos de jardim, enfeitados com azulejos azuis olhando o regato de água que cantava mesmo ao lado! E sentei-me pensativa! Quantas memórias e segredos este canto esconde!? Quantas lágrimas de infortúnio estarão aqui sepultadas?Olhei o regato...
É tão bom, conversas à solta...
Desci a escadaria que me levava a um jardim semeado de estátuas lindas como as princesas! E olhava aquelas testemunhas mudas mas inquietantes. E havia mais bancos voltados para o jardim com contornos definidos. Quantos passeios, quantas lamentações, quantos devaneios, quantas paixões!....
Defronte, erguia-se a fachada com impacto, como convém a um palácio! E eu percorria todos os recantos como se estivesse a recordar a minha história! Longe, estendia-se o sol já cansado do dia! Também não admira, pensei, está cansado de ver palácios!
Mas ...depois veio um sentimento indefinível e indefinido...
Respirei fundo tentando aperceber-me deste estado de alma...
Olhei para trás. Já não "via "as festas com os momos e entremeses, nem príncipe nem amas...
E as colunas brancas ao alto tranformaram-se na minha mente como a única cumplicidade
que unia os dois tempos: O antes e o agora!
E voltei para o meu chá, imaginando-me uma princesa, mas limitando-me a ser eu-mesma...
E o palácio e os bancos e as estátuas ficaram sós com as suas memórias!

...E, eu voltei com as minhas!






sábado, 21 de agosto de 2010

REGRESSO


...E a Meia Praia ficou mais vazia...
Fazia vento naquela tarde. Mas era cálido, suave, leve...
Decidi olhar o mar debaixo do chapéu feito de esteira, junto à piscina!E era ver correr aquelas cascas de noz, mar fora!E o meu olhar fitava o horizonte vermelho daquela tarde e aquele mar que lavou e levou os meus pensamentos...E continuava a misturar ideias, a sonhar utopias saboreadas com umas Pedras e limão...companheiras nas horas ora secas ora turvas ora apáticas!E o sol deitou-se com a noite...
Eu deitei me com pensamentos...acordei com pensamentos que viajaram estrada fora num tempo redondo como se estivesse parado.
O sol inclemente do Alentejo regava a copa dos sobreiros pousados nos montes como estátuas verdes , não se mexendo, num incrível exemplo de humildade e aceitação!
E pareceu-me que corria estrada fora, atrás de tudo e de nada...
Mas conforme avançava, o inconsciente soltava-se das amarras do espaço e tempo, levando-me de volta ao meu mundo...
Qual mundo?
O que a minha fantasia criou, onde nasceram os sonhos e também os escolhos!
Onde pousa a "minha" história, onde pousam as memórias!
Onde repousa o meu Eu que se envolve nos lençóis do dia-a-dia...
E neste círculo quadrado, o tempo continuará a fazer história.
A dele e a minha...




quarta-feira, 18 de agosto de 2010

TODA A PRAIA


...e voltei à minha praia!
Lá estavam os corpos a pedir a "misericórdia de uma fonte" como diz Florbela Espanca.
O suor escorre... e eles deliciam-se...Estranho ou " auto-mutilação"?...Mas eu desci percorrendo a distância do açúcar que me separa do mar...e comecei pela minha caminhada como sempre, saboreando o doce salgado do mar!
...na água espelhava-se o sol e o céu cada vez mais azul. E eu embrenhei-me nesse pedaço de prazer e tive uma sensação estranha, uma recordação linda...
...senti que essa água podia ser minha mãe porque a ternura com que me abraçou, foi como se estivesse no útero materno, doce, calmo, seguro, onde nasceram as minhas primeiras células...
...e levantei-me para olhá-la nos olhos! Era um porto de abrigo longo ondeando como a dizer olá, estou aqui!
E sorri. Já não estava só. Não me senti só. Senti uma energia que vinha do mar e do céu e que se espalhava pelas águas que sorriam de onde a onde, com os reflexos do sol!
E então sentei-me como se quisesse conversar...E ouvia o meu pensamento a falar ,porque isto de falar com a água, não é para todos...
...mas imaginei conversas como se estivesse num alpendre, gostosamente...
E as horas param porque o pensamento continuava a correr!

E corri com o pensamento como um elegante cavalo bordejando pelo mar, crinas sedosas ao vento...

E parei, era urgente voltar à realidade!




MEIA PRAIA


Areia.Aridez.
O sol bate forte nos corpos sedentos de mais bronze.A areia respira um ar quente de febre que vou sentindo à medida em que os meus pés a tocam.Institivamente dirijo-me para o mar.
Água.
E o meu corpo,fugindo deste braseiro, percorre a orla sentindo o beijar doce da água mansa nos pés.E o mar fala.As ondas falam.E não sei decifrar esta linguagem. Aquieto-me e penso na água! Tão pesada e tão leve!Tão preciosa e tão pura! E a pureza baila no meu pensamento.Ser puro...é ser cirstalino. Como a água!Sem manchas. Como a água!Moldável mas sem quebrar. Como a água!
E olho aquela massa imensa de água, tentando ouvi-la!Mas fala toda ao mesmo tempo!Não a compreendo!E o meu pensamento volta-se para dentro de mim mesma! Sou água, sou vento, sou ar e o mar...
...e olho para longe...a tocar o céu! E penso: uma coisa Deus fez bem feito! Pelo menos para já ninguém lê pensamentos! E junto o mar e o céu nos meus pensamentos e escondo-me neles...
E ando...ando ...na água e converso com as ondas! E os pensamentos correm como as motas que as sulcam ...e ninguém sente, ninguém vê, ninguém sabe...
...e fica um doce sentimento de bem estar, de ternura, de aquietação...que ninguém sente ninguém vê, ninguém sabe!
...e percorro no meu silêncio esta Meia Praia, que me vai trazendo à memória recordações que já esqueci! E esqueço-me de mim e do sol que começa a bronzear e perco-me no tempo!
...e os meus olhos percorrem o horizonte. E volto a pensar! O que é o possível? E o impossível?
...e será que existe o possível e o impossível ?
...e as ondas vão batendo com as possibilidades possíveis...
...e volto as costas ao mar e às ondas porque não é possível ouvi-los!
...e conformo-me com a minha impotência de querer compreender possibilidades...
Talvez noutro mar... noutra água...

Noutro lugar!



quinta-feira, 12 de agosto de 2010

SIMPLESMENTE...ROSA


Rua quente.

Saboreio o ar condicionado enquanto espero ...

Sentada no balcão fresco, senta-se um bébé sorridente, que a mulher exibia quase que, como um adorno.Os elogios e as carícias tornam a criança ainda mais comunicativa. Teria um ano.

A mulher sorria, olhava para trás, como se aquele Ser, fosse único...Enquanto saía diz-lhe-" Diz adeus..."E aquela mãozita inocente, com gestos ainda descoordenados pela precocidade, lá se foi com o gesto no ar.E então a mãe diz"Vamos, minha rosa!"...E foi-se sorrindo, enquanto segurava a cabecita com mão de mãe, quando a colocava na cadeirinha docemente...

Simples, não?

...Mas fiquei a pensar no amor e em tudo o que esta palavra engloba: O amor não espera nada em troca, ele dá-se.O amor não espera reconhecimento, ele é humilde. O amor não fala alto, ele adora o silêncio. O amor não é solitário , ele quer abraçar o mundo.O amor não se satisfaz com pouco. Ele é imenso.E quando se dá amor...recebe-se ainda mais amor de volta!Não é mágico?

Amor.Amores.

O que importa é amar.

Se possível, sorrindo...

sábado, 7 de agosto de 2010

SOL POSTO


É da idade do primódios da Terra, mas é uma imagem que atrai o nosso olhar quando cai a tarde.
Aldeia.
Brincadeiras de crianças que acabavam quase ao anoitecer no quintal fechado!
Lembro com nostalgia o sino triste da igreja a tocar as Avé -Marias.
Eram badaladas tristes, aliadas a hitórias que a minha Rosa nos contava...
Subia as escadas de granito, ouvia distraidamente e longinquamente as conversas da família e ia
para a janela virada a poente.Ao longe, alonga-se deitado, o rio Homem, com caráter, fazendo jus ao seu nome!
Árvores recortadas num céu azul bébé...doce , manso e acolhedor!
As montanhas erguem-se suaves, emprestando um contraste a esta paisagem mas servindo de moldura a um quadro verdadeiramente perfeito e belo: o sol no seu caminhar cansado, vai-se deitando nas serras acenando com as suas cores amarelo, vermelho, laranja num até breve de alegria!
...E eu, pequenita, só, naquela janela, já conseguia admirar, fascinada a grandeza da paisagem e o Infinito que ela escondia e cuja tradução persigo e quero encontrar!
"Vamos , menina, o jantar está na mesa..."
Boa noite alegria!
Amanhã é outro dia...

Sorria...


quinta-feira, 5 de agosto de 2010

MANHÃS DE VERÃO


Todas as estações do ano têm o seu encanto.
Mas falemos do Verão!
Manhãs refrescantes que prenunciam o "castigo" do Sol...
Em Agosto a cidade está calma, adormecida convidando ao devaneio.
Percorro a Alameda com as tílias a dar os bons dias. Gosto do verde.Fortuitamente sou apanhada por pingos do torniquete que salpica a relva como um banho matinal...As pombas rebolam-se na água e espreguçam-se ao sol...
Mas mal soa um ruído estranho, ei-las, qual filme de Hitchcok, cortanto, frenéticas o ar...Áinda bem que não sou fóbica...
Mas também há os cães que ziguezagueiam, com aquela alegria de quem se sente protegido e livre embora com a trela! Belo paradoxo! Mas dá que pensar!...
E eu, comigo, vou caminhando por esta Avenida,observando os meus pensamentos numa paz interior enorme!Nem triste,nem eufórica.Só Paz!Observo os que se cruzam comigo:Olhares fundos,lábios contraídos,faces sombrias...Quanta confusâo, quanto desconforto oculto,vagabundeando assim por entre as pombas, que aproveitam o momento, às cambalhotas na água! "Olhai os lírios do campo...".Gostava de ser lírio!E enquanto existir,ter a sabedoria para saborear a vida, os amigos, a paz, a serenidade...
Assim como as pombas!E os lírios!
"O essencial, é invisível aos olhos"
Tentemos "ver" melhor !

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

LUGAR SEGURO


Todos teremos um sonho: um sítio idílico onde nos encontramos com nós próprios, que faz parte intrínseca desta sombra interior que se esconde de nós e em nós...
Todos gostamos de plantas, admiramos árvores seculares, amamos as flores e até a relva mimosa que afaga os nossos sentidos quando nos envolvemos nela nas tardes cálidas de verão...
Mas sinto um gosto especial pelas...heras! Sim as heras!Porquê? Não sei.Se sei, não sei porquê...
Há um não sei quê de mistério nesta planta!No meio de uma leitura,debaixo dum carvalho idoso(mas nobre!),ela sobe lentamente pelos ramos, enfeitando os braços descascados, emprestando-lhe uma segunda pele!Quando chega ao topo, não faz como os Kiwis, que se encarrapitam como um parasita, no suporte mais próximo...Não,ela deixa-se cair,calma e com doçura enfeitando o espaço como um candelabro, acariciando-nos quando passamos perto.Quando a brisa corre ela baloiça-se,discretamente, fazendo deste espaço, um lugar meditativo...na companhia de um sobreiro com quem tenho uma espécie de diálogo! Verdade. Para mim o Sobreiro é a imagem da personalidade e sobriedade. Ele impõe-se. Só! Ah, depois quem ama este lugar secreto e discreto? Toda a passarada! Deus, amanhecer neste lugar que me envolve, é amanhecer no paraíso!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

RECORDAÇÕES


Noites de Verão.
Bateram as saudades.Memórias, como ALGUÉM disse...
Mas esta saudade, bate no fundo da alma, como a luz de lua cheia, que se espraiava melancólica e misteriosa pousando nos ramos dos plátanos e choupos que me cercavam.Assim, é uma memória de uma nostalgia infinita!Porquê?Porque o tempo é implacável e torna-se quase sinistro quando leva com ele pedaços de coração!As personagens são simples e belas: Lua, mocho piando ao longe,branda brisa morna acariciando o ar e as folhas na noite e... Deus meu, um Pai, único no mundo, que o Céu me deu com quem compartilhava as nossas convicções filosóficas e literárias!
Mas na impermanência do tempo só resta esta saudade amarga e longa...
O luar continua. As sombras deitam-se no chão num deleite sensual com a frescura da noite...
Nada se apagou...
...mas tudo o vento levou!...

terça-feira, 27 de julho de 2010

O calor e a Cidade


O verão continua, ainda bem!
Mas como vamos entender os seus caprichos? Ora amua  atirando-nos contra as folhas em dias ventosos, ora marca a sua presença esturricando-nos como torresmos...
E as gentes vão calcorreando o chão, vergadas com o peso do sol...
Mas nem todos pisam este chão tão pachorrentamente! Parece que a cidade se enche de tristes!Rostos macilentos, peles sulcadas pelos anos, braços desnudados que nos falam de tempo, sem ter sequer um gesto de delicadeza ...Mas o calor obriga a "escrever"a idade quando obriga a descobrir o corpo!
...E também há passos rasgados e firmes ,ombros e pernas esguias rostos morenos, confiantes, enfeitados com óculos de sol de "griffe"  cruzando-se com os carimbados pelo tempo!
E a cidade cheira a vazio, a nostalgia, a indiferença!
É então que me lembro das cachoeiras do Minho!
Memórias...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Ventos de Verão


Verão. Morno.
O sol filtra-se por entre as tílias dos jardins.As pessoas passam apressadas. Correndo, sempre a correr...
Tento contrariar o passo que imprimem e começo num diálogo surdo, interrompido com o buzinar dos carros. Também eles apressados...As folhas rodopiam no chão poeirento.
Folhas que já viveram o seu tempo e caíram numa despedida de vida.Porque as suas vidas,continuarão fazendo parte do todo:Na Terra nada se perde...
Então, ouço o roçar das folhas nas árvores,obedecendo à força do vento, com uma "voz" tão intrigante que continuei a caminhar, pensando intrigada, na incapacidade de defenir tal "voz"!
Parece tão inútil, não é?

terça-feira, 20 de julho de 2010

Linguagens


Um bosque tem o seu quê de mistério.

Fiquei prisioneira de uma espécie de estado de êxtase, numa visita feita a um parque algures numas férias de verão. Um lago, uma ponte, árvores ancestrais e silêncio!Nas águas paradas espelhavam-se as folhas enormes e raízes aéreas que desciam verticais dos troncos que subiam nas margens do lago dando um ar de austeridade e respeito numa linguagem muda mas bem perceptível .O céu era recortado por uma abóbada de folhas, emprestando a este espaço um pouco de mistério e misticismo! A luz era coada por este conjunto arbóreo, reflectindo-se timidamente na água escurecida. Na ponte, encostada ao corrimão, olhei para cima tentando compreender melhor o silêncio e a linguagem que me envolvia...Aquietei o meu pensamento porque, por momentos pareceu-me perceber que as árvores também falariam a sua linguagem...E senti uma espécie de estranho arrepio que ainda não se apagou da minha memória.

Retirei-me pensativa e serenamente como quem sai de um Santuário!

sábado, 17 de julho de 2010

Entre-Mundos


Agora sinto-me assim. Dividida. Uma espécie de nostalgia que vem não sei donde nem sei como, mas que corrói lentamente este bocado de peito como um ácido que teima em querer ficar!

As paisagens da minha infância, alongam-se no tempo e fica apenas uma boneca de trapos perdida no espaço da vida.

Procuro fugir, recordando a majestade do arvoredo compacto dos meus espaços, mas as folhas largas dos plátanos transformam-se na minha mente em rochas impiedosas, compactas, duras e distantes , antes admiradas pela sua robustez granítica!

...E a imaginação vagueia...e fujo de mim própria!

Então, procuro refúgio, qual ovelha perdida, num sítio onde não seja fácil encontrar-me!

...E fico à espera que nasça um novo dia!

Boa noite!


segunda-feira, 5 de julho de 2010

NAS ONDAS


Parece que o calor vai fazer as suas férias entre nós.

Porque estará ele tão hesitante?Ora nos desidrata, ora nos refresca!Mas mesmo às vezes sendo pouco convidativo a longos passeios,dá-nos como opção o mar para pasmarmos pachorentamente, descansando os olhos no horizonte infinito, perdendo-nos na contagem das ondas caprichosamente enformadas como se fossem farófias...e rebentam na praia onde se deitam sensualmente, esperando as carícias dos acalorados ,famintos dos arrepios que elas proporcionam!

Mas nem tudo é tão azul, tão fresco, tão puro! No meio dessa mousse branca esconde- se uma garrafa de plástico (e muito mais...), que nos faz acordar do infinito e voltar à realidade!

E o que outrora fora uma forma feliz de enviar uma mensagem, tornou-se hoje numa mensagem triste dos nossos tempos!

...E voltamos a olhar o infinito,a contar as ondas e saborear o silêncio porque apesar de tudo o mar está à nossa frente e as ondas à nossa espera!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Mais além


O tempo vai correndo mansamente! Ora se passeia por entre os labirintos da nossa mente,perdendo-se na imensidão do nosso cérebro, ora fica entediado pela monotonia e parte a galope atrás do corropio desta vida , qual buraco negro onde se escondem o tédio ou a vertigem...

E nesta sensibilidade temporal, o nosso estado de alma procura adaptar-se a esta dualidade...

...E pensamos no tempo como uma existência objectiva, que nos condiciona com o tic-tac do relógio , escravizando-nos! E somos os "robots" que começam a fugir do próprio tempo!

Tempo...Aqui...Agora...

E depois?!

Os olhos ficam pregados ao Infinito tentando aquietar a alma faminta numa constante convulsão

linguística : Como? Porquê?Quem sou? O que sou?...E depois?

E a voz do silêncio eleva-se no segredo do peito, os olhos lêem o silêncio da alma...e é no silêncio que encontro o caminho que me leva à paz,à quietude,à serenidade...porque mais além estará algo inatingível que fará parte de mim e por isso me completa!

Porque somos parte do Infinito!


quarta-feira, 26 de maio de 2010

AMAR(RES)


Eterna fusão do amor, esta condição de amar!

Nestas múltiplas faces de afectos que devem unir toda a humanidade, confunde-so o amor com os amores! E se o amor faz parte do nosso imaginário adolescente, tantas vezes ora amargo ora inatingível, amar é viver para e com o outro!

Mas quer queiramos quer não, quando falamos em amor, nasce no nosso imaginário aquele primeiro olhar doce , meigo ,sedutor e inebriante do outro Eu que nós projectamos para além do tempo e quiçá do torvelinho que a vida nos vai tecendo...

...e conforme o relógio vai avançando, as memórias vão-se esbatendo, esfumando como núvens que não querem prender-se ao céu!

...mas a alma permanece viva,atenta, numa jovialidade quase pueril, quando as recordações batem à porta! E deparam-se todas as delícias que fazem da nossa mente um eterno salão de baile das nossas ideias! Mas os ideais...esses foram ficando presos ao fado que não pedimos para cantar!...

E ficamos presos a esse amor que nos tira uma parte da consciência, prostrando-nos, vergados

com o peso de tanto amar!

E ficamos sós, com uma auto-comiseração perante tanto afecto esbanjado!

E ficamos, por fim, rendidos a esta condição, por amar demais!

Mas eis que o Amar nos espreita, cansado de esperar por uma migalha que ainda exista no nosso

peito!

...e aí, nasce o Amor incondicional por todos e por cada um!

...aí nasce a verdadeira essência do Amor, porque espera pelo momento que ainda "sobrou",com calma, dignidade e paz! Sem ressentimentos nem explicações ...apenas recebe ,como a água fresca que inunda a lezíria da nossa alma!

E deixamos o torpor cego do amor que nos entorpeceu,envoltos numa concha!

E a lucidez da vida, vai-se encarregando da verdadeira tradução do Amor!

...porque ele é o rei dos afectos!

...porque ele é um filho do AMAR!

domingo, 9 de maio de 2010

AGORA, Só


E eis-me no meu ponto de partida!

Eu, que me fixo como uma estrela no Agora, eis-me a sucumbir com o peso intenso, desmesurado do Hoje!

A vida repousa as suas mágoas ou nostalgias no Antes, deposita a sua esperança no Amanhã, para esquecer a amargura do AGORA...mas a angústia torna-se de tal forma presente, que esquecemos a paciência e doutrina de Buda, para nos incliarmos com reverência ,para este estado de alma inquietante, revoltado e inconformado do dia a dia monótono, contínuo, constante e miseravelmente rotineiro!

A solidão faz parte integrante deste estado de sítio..Sentada, de olhos abertos vejo só o fundo do mar que me dói! Abro os olhos e vejo -qual Petrarca - não as flores e os pássaros que fizeram as delícias da alma ontem, mas a sombra que arrepia e se adensa à tarde com o piar dos mochos!

Qual alma que deambula pela floresta da vida, também há dias em que a alma sai veloz à procura de paz e quietude!

Meu Mestre disse um dia ,não ser esquisita, mas sim Especial! Será?

Quando e como saberei este segredo ? Ah, como são estranhos os desígnios de Deus!

Entretanto...a alma vai-se apagando...pagando...sofrendo...a viver ...nesta minha cidade da vida!

Mas espero com a elevação que me foi transmitida, o despertar de uma nova aurora, em que, em vez de cantar o pôr plangente e melancólico - mas sempre belo- do sol, toque a trombeta da alvorada e que possa despertar desta letargia que oprime em vez de fazer renascer para um novo dia!

Boa noite tristeza!

Até amanhã alegria...



quarta-feira, 5 de maio de 2010

AGORA, sonhar


Sonhos!

Para uns são ideias e ideais que não passam de fantasias ou de loucuras, próprio de quem não pensa a sério na vida que nos esmaga a cada minuto. Para outros são catarzes e gritos do inconsciente.O Mestre Dr. Alberto Lopes, diz algo do género " O que não ouvimos durante o dia, grita por socorro à noite ".

E gritamos sempre.Com e sem som!

Mas não são os sonhos nocturnos, aqueles que me enfeitiçam! Serão antes os notívagos, aqueles que fazem de nós seres únicos, angélicos, celestiais!

Que nos fazem deambular nas noites perdidas pelo emaranhado da nossa alma! Que nos fazem pensar se somos de NÓS ou pertencemos a outro! Sim...aqueles que nos fazem sonhar, mas com os olhos da alma bem abertos!

Pois...importante mesmo é que sonhemos.Acordados! E então...deixar que os olhos se iluminem diante de uma paixão!A pele se arrepie diante de um Adónis!Ou mesmo um calafrio diante de um êxtase...maravilhoso!

E o que seria da Humanidade sem sonho? A alegria sucumbia à maravilha de criar.A monotonia

acarretava a tristeza da rotina. O Homem carregaria porventura o fardo de viver, sem as emoções...

Estendamos os nossos braços à vida! Envolvamos os sonhos nas núvens, na palma da nossa mão com a ternura e o enlevo de quem tem esse poder único de sonhar!

E então, agradeçamos ao Universo a dádiva de mais um sonho, para cada dia das nossas vidas!

Porque"O homem é um livro vivo, em que Deus, com a sua mão, escreveu o Seu pensamento!"

Bons sonhos, menina!





quarta-feira, 28 de abril de 2010

AGORA,sonho

Águia, gaivota , albatroz tanto faz desde que tenham asas para voar na liberdade do ar e dos ventos!
Não será por acaso que o Homem tem um fascínio pelo voo, pela imensidão dos céus...
Mas não será porventura o voar das aves o que mais me fascina.Nem me fascinam mais as aves enormes, voando em redor das presas pequeninas que se escondem nos capins.
Têm um especial encanto aqueles passarinhos que rodopiam  nervosamente, saltam de galho em galho e com um gorjeio irritadiço, emprestam uma alegria azul aos salgueirais!
O melro malandro, furtivo, nervoso, desafia , quando lhe ocupam o seu território, cantando em cascatas...
O pisco, ao cair da tarde, convida à serenidade, com o seu gorjeio melodioso...
A carriça e a toutinegra completam a sinfonia como cordas de violino...

E ao longe, naquele lago bordado de lilases, choupos e erva macia, passeiam vaidosos os cisnes  brancos da minha infância! Na sua altivez, o seu longo pescoço e o "négligé" das suas asas, emprestam-lhe a elegância da qual, me parece, eles terem a percepção de possuirem!!!
E miram-se naquele espelho de água  com uma tal auto-estima, deslizando suavemente no remanso das pequenas ondas acordadas pela brisa que me dá vontade de imitá-los...

Mas, Deus meu, isto é assunto?
Ah, deixem-me sonhar...
Já dizia García Marquez "Ninguém te lembrará pelos teus pensamentos secretos. Pede ao Senhor graça e sabedoria para exprimi-los ".

quarta-feira, 21 de abril de 2010

AGORA, lá

Há dias em que o tempo corre.
Há dias em que o tempo pára.
Mas há dias em que o tempo não dá tempo para nós pensarmos que temos tanto que fazer em tão pouco tempo.
E só nos lembramos do tempo quando vemos que não temos tempo, que temos tão pouco tempo...
E a vida vai-se escoando no tempo, AGORA, que quero ter tempo para brindar às flores, aos pássaros,à água que corre pura, cristalina, pelos regatos do Gerês!E admirar a Calcedónia imponente, ao nascer do sol,calcorreada pelos elegantes veados furtivos, onde crescem a urze e a carqueja agrestes.Lá em baixo... a frescura do rio onde passeiam as trutas e libelinhas! Sim, lá ainda se sente a vida a pulsar dignidade porque o orgulho sadio das rochas sobrepostas no cume das montanhas enfrentam a erosão do tempo.
Elas têm mais tempo do que eu!
Mas eu sou o maior templo do tempo!
Obrigada, meu Deus!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

AGORA (Sou)


Neste céu azul e calmo
Neste sol que aquece a alma
Neste jardim preso à cidade
Nesta tarde que desce calma,

Sou ave que tece o céu
Sou a rocha feita vida
Sou a flor pensativa
Sou tempestade agressiva
Sou água que corre louca
Numa fúria enraivecida
Como um cavalo à deriva,

Neste Espaço que não sou eu...


AGORA (ainda)

Agora recordo os meus passeios campestres, quando tal me era permitido.
O sol inundava a erva fresca dos vales, a água corria mansa e fresca nos regatos junto aos valados.E eu adorava saltar a corrente para apanhar morangos silvestres! Apanhava uma espiga de centeio e espetava os morangos vermelhos e pequeninos naquela palha!
Mas às vezes acontecia o inesperado: de repente, a uma velocidade estonteante, emergia da folhagem verde um passarinho! Ah! aqui há ninho! E procurava, procurava...em vão! Quando encontrava, admirava a arquitectura fantástica, aliada a uma delicadeza indescritível, o ninho pequenino, fofo,acolhedor que me enternecia tanto!E dizia baixinho: Não mexas!Tem "pedrinhas". Pode desconfiar!
Adoro os pássaros: os seus rituais, a sua plumagem macia com as mais variadas cores!Ainda hoje os considero um pouco misteriosos...
...e regressava com os morangos e um ramo de flores campestres!
Saudade ou recordação?
 

quarta-feira, 14 de abril de 2010

AGORA, Primavera


É impossível não ficar rendida à Primavera!

Ela é o encontro de todos os perfumes, explosão de cores, sinfonia de piscos e merlos, e a barulhenta bateria dos pardais!

Todos eles disputam o território e a eleita que há-de ser só SUA!Todos queremos TER!

Ontem como hoje, a mesma luta.

Mas hoje já não ouço o cantar da poupa tão feminina, o cuco malandro,e os gaios atrevidos.


Mas sinto o cheiro do meu enorme roseiral de tantas cores, reflectindo a cor do Criador!

E se a vida dorme na cama das recordações, deixem -me embalar e adormecer Agora na magia da Saudade!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Primavera, saudade



E a Primavera voltou com o sol tocando a harpa da nossa alma!


É a época em que tudo fervilha: as flores, plantas, e hormonas! Sim, as hormonas!Os jovens abrem -se para a vida com as suas roupas mais sensuais, redescobrindo as sensações reprimidas pelo inverno cinzento!


E cruzam-se os olhares furtivos, trocam-se palavras enigmáticas...


...e lêm-se os pensamentos que se escondem, até de nós!


Mas será que Agora, "esta primavera" terá o mesmo encanto ,o mesmo mistério como tinha a minha primavera?




Até logo, saudade!


quarta-feira, 7 de abril de 2010

AGORA


Mas afinal voltei às recordações. Ficamos agarrados a elas ou elas a nós como tatuagens que nos prendem ao passado. Mas há o passado da saudade e o passado da revolta.
Revolta, de quê?
Ah, de ser proíbido viver com alegria, amar com alegria,divertir com alegria!
Hoje, o passado ficou oco e pobre.Inacabado...
Agora só posso construir com a minha independência ,liberdade e sensatez os sonhos maduros da sabedoria adulta!
Mas é tão bom mesmo assim, voltar a sonhar!
Até logo tristeza!
Bom dia saudade!

terça-feira, 30 de março de 2010

AGORA


Agora é noite.
A sombra desce sobre a cidade e as árvores do jardim.As ruas desertas convidam à reflexão. Olhamos para dentro de nós e seguimos a nossa própria sombra.
E na escuridão da noite, seguimos os sonhos que foram levados pelo tempo.
E lá longe, ficaram as rosas do meu jardim, o canto dos piscos, e a sinfonia do merlo!
E o rio,feito de água pura, cristalina,tombando desde as montanhas do Gerês!
E a saudade fica, AGORA,a morar no meu peito.

AGORA

Para uns sim para outros não. Depende do sentido ,e da influência positiva ou negativa que marcou para sempre a nossa vida.Mas será assim tão importante guardar essas recordações?Seremos capazes de, facilmente varrer do nosso inconsciente essas marcas graníticas esculpidas ao critério da nossa imaginação, e que muitas vezes nos arrastam como escravos, carregando um fardo do qual nos queremos libertar?
Há psicólogos que dizem que, ao fazermos uma psicoterapia,deveremos lembrar essas marcas para nos libertarmos delas. Outros que não devemos tocar nelas porque será um duplo sofrimento ao revivê-las e pelo contrário esculpir no nosso subconsciente imagens de felicidade.
Mas buscar a felicidade no passado?Este já é história.
No futuro? Para quê, se é incógnita? Ah, mas temos que o preparar...
Sim, mas sem a pré-ocupação, com serenidade, como quem cria uma criança que vai crescendo lentamente, ao ritmo da suas descobertas do mundo que a rodeia.
Por isso o AGORA,sem passado nem futuro, é o tempo sem tempo para nos perdermos em factos comezinhos, mas antes viver intensamente cada minuto,apreciando tudo o que temos nesta hora! Saúde, paz, sol,uma flor!É tanto e tão pouco, não parece?

Mas é hoje, AGORA, tempo em que mais sinto o poder da Natureza, o chamamento do Universo, a força do Infinito, a minha insignificância perante esta imensidão, mas as grandes potencialidades que como ser humano possuo, e que desconhecia...
Quais? A seu tempo,darei notícias sobre isso!

Apenas constato que a vida é uma eterna aprendizagem, que nos leva a um maior aperfeiçoamento. Que essa perfeição se torna cada vez mais exigente à medida que tomamos uma maior consciência do percurso que escolhemos fazer. Que este Espaço tem que ser partilhado com amor e paz.


,

quinta-feira, 25 de março de 2010

AGORA























Benvindo/a à minha casa!

Conforme o tempo vai fluindo, vem a palavra mágica :  AGORA.
Mas então pergunto-se:"e a infância que foi o alicerce de tua vida? 
E a adolescência ,tão importante para te afirmares como adulto?" 
Sem essas duas etapas da vida, não haverá memórias para reescrever uma existência.
Indiscutível, na medida em que nós vivemos de memórias e recordações que muitas vezes nos marcam para todo o sempre.
Mas não viveremos  nós demasiado condicionados por essas memórias?
Sim ou talvez não?

Manuela Barroso







terça-feira, 23 de março de 2010